A Doença Celíaca é uma enteropatia autoimune que acomete pessoas geneticamente predispostas, tendo como gatilho a ingesta de glúten.
Diversas outras entidades clínicas como a Sensibilidade ao glúten não celíaca, a Alergia ao glúten e até mesmo a Síndrome do intestino irritável, têm como tratamento e melhora dos sintomas a dieta livre de glúten.
Apesar do modismo envolvendo a dieta livre de glúten, entre pessoas saudáveis em busca de qualidade de vida, as comidas sem glúten ainda são pouco disponíveis e caras no Brasil. Isso traz um problema emergente entre aqueles que recebem um diagnóstico de Doença Celíaca, pois a alimentação está intimamente relacionada com o convívio social das pessoas e a restrição alimentar causada por uma dieta livre de glúten, onde é preciso observar a integridade do alimento, checar se não houve contaminação cruzada, entre outras preocupações inerentes ao alimento, torna mais difícil o convívio social com a família e amigos, acarretando em consequências psicossociais.
Joelson el al (1) mostram que é alta a prevalência da depressão entre os pacientes com Doença Celíaca. Os sintomas da depressão podem ser confundidos com os da Doença Celíaca e assim dificultar saber se o paciente foi exposto de forma inadvertida ao glúten ou se não está aderindo adequadamente à dieta.
Sabemos da dificuldade que os pacientes passam para ter uma dieta livre de glúten sem que haja contaminação em algum momento ou pela real tentação de comer algo que contenha o glúten.
Pesquisadores listam alguns fatores que contribuem para que haja uma boa adesão à dieta livre de glúten, são eles(2):
1º Ter uma boa educação (educação de berço)
2º Conhecimento da doença e do seu tratamento
3º Bom status econômico
4º Boa autoestima
5º Sexo feminino
6º Ser jovem
7º Bom grau de escolaridade
8º Boa relação com o médico assistente e com a nutricionista
9º Ser membro ativo da Associação dos Celíaco – aqui em Brasília temos a ACELBRA)
Em contrapartida, a não adesão à dieta livre de glúten está relacionada a:
1º Altos preços dos alimentos
2º Poucas opções alimentares, incluindo estabelecimentos de venda dos produtos
3º Adolescentes
4º Ausência de sintomas
5º A falta de conscientização da doença.
Com o aumento da popularidade da dieta livre de glúten, nos últimos 10 anos tem-se observado uma melhora gradativa da adesão a este tipo de dieta, fato este observado no trabalho de Czaja-Bulsa(3).
Muitas conquistas ainda estão para serem alcançadas, como uma melhor fortificação com micronutrientes nos alimentos sem glúten, porém, você que tem a Doença Celíaca precisa fazer a sua parte e assim aderir à dieta e sempre buscar fontes naturais que possam proporcionar uma dieta equilibrada.
Não desista, siga em frente e faça a sua parte.
Referências:
- Joelson AM, Geller MG, Zylberberg HM, Green PHR, et al, The effect of Depressive Symptoms on the Association between Gluten-Free Diet Adherence and Symptoms in Celiac Disease: Analysis of a patient powered research Network. Nutrients, 2018, 10, 538.
- Elli L, Marinoni B. Gluten Rhapsody, Nutrients, 2019, 11, 589.
- Czaja-Bulsa G, Bulsa M. Adherence to Gluten-Free Diet in Children with Celiac Disease. Nutrients, 2018, 10, 1424.